«[U]m
raio fuzilou junto às janelas e vi no espelho (...) o meu rosto desdobrado,
ardido, remoto: quem era?»
Herberto Hélder,
Servidões, Lisboa, Assírio &
Alvim.
As janelas da casa corrompem o silêncio
sob o qual todas as memórias oscilam
entre a incerteza de alguma vez terem existido
e a incredulidade quanto à fórmula como
subsistem na inclinação do sol sobre o horizonte,
esse erro que os dias incessantemente procuram
repetir. No lugar da penumbra, velhos papéis,
folhas soltas, sustêm a caligrafia da morte
e nenhum golpe de vento, maresia, raio oblíquo
penetrará nesta paisagem onde tudo é precipício.
Reatas o que se perdeu no fulgor que subsiste
em cada sombra ainda que só a imitação de um
espelho pela casa evite que o teu rosto desapareça. [Sandra Costa]
Sem comentários:
Enviar um comentário