domingo, 12 de maio de 2019

Epigrafia #11 Versão 2.0

«Diremos apenas até amanhã,
como se o amanhã existisse no mesmo lugar, […]»

Jorge Pinho, 2015.

Há sempre um equívoco em cada despedida.

A ondulação do mar que sempre procuro na 
imobilidade dos lugares, dissipada a bruma 
melancólica que em mim apaga as tuas feições.

Uma estação em estado de esteio ou de janela.

A exaltação da espera no desprendimento 
da última folha da magnólia, esse percurso
ininterrupto que foi a tua mão na minha.

Uma planície onde se precipita a morte.

A conjugação da luz num coração futuro,
pedaço de metal pedaço de poesia onde 
escondo o ofício sincopado de permanecer tua.

«O amanhã não existe no mesmo lugar»:
há sempre um começo antigo em cada despedida.

[Sandra Costa]