Poema de Natal
David escreveu um cancioneiro em surdina,
à beira-rio, quando tudo principiava 
com  a neblina e sabia a lenha e a tangerinas.    
David sabia que de mãos dadas é possível 
acender de novo a consoada do mundo 
e ver num sótão     num porão     num intruso 
o que há em nós de mais profundo.    
David deixou um último poema para que fosse 
  o primeiro e assim desenhou na paisagem 
  uma vigília sob o céu do futuro:    
vamos ver se vai ser desta vez que ele nasce 
entre ciprestes     sem a sombra de um muro.
Dezembro de 2011
[Sandra Costa]
Nota: Poema dedicado a David Mourão-Ferreira, abusando das suas palavras do Cancioneiro de Natal.
 
Particularmente belo, este teu poema...
ResponderEliminarPois... Abusei das palavras de David e essas é que são belas...
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