segunda-feira, 1 de maio de 2017

Epigrafia #2

     Fotografia de Ekaterina Belitskaya

«explica-me este verso
pedias
como se a luz
pudesse
permanecer intacta
sobre a tua mão.»

Ana Paula Inácio, Anónimos do séc. XXI, Averno, 2016, p. 45.


Não expliques nenhum verso.
Peço-te.

Deixa que a luz tombe
sobre as janelas quase abandonadas
da varanda

e que as sombras de ferro forjado
que perduram nas cortinas
mesmo anoitecendo

sejam a única coisa intacta
no interior do poema.

[Sandra Costa]