terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Epigrafia #11

«Diremos apenas até amanhã,
como se o amanhã existisse no mesmo lugar, […]»

Jorge Pinho, 2015.

Há sempre um equívoco em cada despedida.

A antecipação da onda que reveste
a imobilidade dos lugares, dissipada esta bruma
melancólica que em mim apaga as tuas feições.

Uma estação em estado de esteio ou de janela.

O desprendimento da última folha da magnólia
sem a exaltação da espera, esse percurso
que foi a tua mão na minha.

Uma planície onde se precipitam os mortos.

A conjugação da luz num coração futuro,
pedaço de metal onde escondo o ofício
de ser teu.

Há sempre um começo antigo em cada despedida.

[Sandra Costa]

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