Poema de Natal
Alguma coisa está para acontecer? 
Amadeu Baptista, Poemas de Caravaggio, Cosmorama, 2008.
        No princípio, guardava-se o trabalho com 
o silêncio acumulado. A luz era a do Inverno – 
uma neblina pousada sobre os botões das 
magnólias – e as pedras estavam cobertas 
  de musgo como se ainda se acreditasse 
  que nos baldios o tempo fosse da espessura 
  da infância e que o que ficava dos frutos na boca 
  eram segredos difíceis de pronunciar.
No princípio, o que acontecia era uma espécie
de regresso – à semelhança do que compreendeste 
serem as primeiras árvores, acrescentava-se um grito 
  de amor à escuridão. 
[Sandra Costa]
 
 
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