a laranja, (…)
como interrompe o mundo
Herberto Hélder
Agora que o inverno chegou e os dias
explicam-se
com sílabas menos breves e um pouco mais
de luz a
interromper
o mundo; agora que
enches a casa com o
fogo dos frutos e as mãos com o cheiro ainda
invisível
do sol; agora que colhes o que o frio amadureceu
como
se essa fosse a ordem natural das coisas
Agora renovam-se os atalhos até ao centro
da terra,
até ao primeiro elemento que se celebra
em nós
quando nos aproximamos da laranjeira
como se
a sua sombra, ainda coberta de nuvens,
fosse o
que de mais semelhante existe àquele advento
em que não crês.
Dezembro de 2012
[Sandra Costa]
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