Será
que Deus não consegue compreender a linguagem dos artesãos?
Herberto Hélder
Senta-te sobre as pedras a conversar com
Deus. Vidro.
Música. Mel. Cantaria. Sopra o vidro de
uma vez só,
deixa que a forma se despegue do medo. Não
pares
de debruar as ânforas que ficaram por
encher, desata
com as mãos a melodia a que se agarra o
silêncio.
Uma espécie de auréola debruça-se sobre
as flores
e com a polpa dos dedos deixa escorrer
semelhante
ofício sobre os favos da sede. Por fim,
lavra o caminho
com a substância das estrelas mesmo que
utilizes
o martelo e entre os batimentos demora-te
nos pássaros
que pousam sobre as romãs. Bago a bago desfaz
a película que protege os antigos
mandamentos
e devolve-os em versos para que assim se
construa
uma linguagem terna e comum.
Dezembro de 2012
[Sandra Costa]
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