Finisterra, 9 de agosto de 2018
«o litoral instável sob
os nossos pés; as dunas prontas a mover-se; 
basta um golpe de
vento.»
Finisterra, Carlos de Oliveira
Observas o homem sentado na pedra,
próximo desse último contorno
onde o fim começa, longe dos gestos 
que hoje nos arruínam. Se olhas dali 
para aquele mar que te torna vulnerável,
o homem está do lado esquerdo 
do promontório, como se isso tivesse 
algum significado, e inclina-se, ao de leve, 
sobre a página de um diário, o silêncio 
de um postal que não chegará a escrever,
o pó acumulado da peregrinação.
No fotograma que capturaste,
o homem é um ângulo inesperado,
um passo em falso e o sulco do poema, 
essa luz turva quase paisagem,
deixará de existir.
deixará de existir.
[Sandra Costa]

 
Sem comentários:
Enviar um comentário