«estou sozinha respirando sozinha
e sinto Verão nesta solidão,
(quem disse que a solidão é um ser de
Inverno?)»
Inês Lourenço, Um quarto com Cidades ao Fundo,
Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições, 2000
A premissa estava errada.
A solidão não é.
Nem Verão nem Inverno.
Nem os teus pés descalços, escondidos
na água, entre as rochas de uma praia obscura.
Nem o movimento da tua mão
no vidro da janela para que a condensação
provocada pela chuva se apodere de ti.
Nem a forma como te encolhes
perante as pétalas secas da buganvília.
Nem o teu rasto no que desaparece
no perfume quase inerte das magnólias.
Tudo isto são inícios. Primícias.
A solidão não é.
[Sandra Costa]
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