4.
Passo muitas vezes pela casa em ruínas.
Nada sei sobre a sua história mas hesito
em classificá-la como abandonada.
Tanto me agrada pensar nela como
um lugar que já não existe como enumerar
os pormenores que ela agora é:
um dia alguém assomou naquela varanda sem
ferrugem, conservando uma mão na madeira
da porta, e a vertigem terá sido tão fugaz
e tão intensa como a dor.
Agora as janelas têm vidros partidos
e as paredes perdem em definitivo aquele
tom rosa seco que se assemelha à solidão.
[Sandra Costa]
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