LA NECESSITÀ DI
ISOLARMI è cominciata quando
ho capito che le
mie riflessioni navigavano in
un vuoto
polveroso della mente.
Dovevo staccarmi
da tutto e toccare
con le mani e coi
pensieri la mia infanzia.
Ritrovare il
gusto che avevo da ragazzo quando mi facevo
cadere la pioggia
in bocca. Avevo bisogno di
tenere una foglia
in mano e seguire un
odore di erbe
selvatiche e i cigolii
delle docce
arrugginite che trascinavano l’acqua
lungo i muri dei
cortili. Quando sono arrivato nella
zona delle piume,
territorio appartato dell’Appennino già
toscano, sono
rimasto sorpreso perché mi è successo quello che era
capitato a una
maestra calabrese. La Signora da anni voleva
comprare una casa
sulle colline romagnole ma non riusciva mai a decidere
l’acquisto perché
c’era sempre qualcosa che
la deludeva. Un
giorno, a pochi passi
dalla Repubblica
di San Marino,
scoprì una casa
antica accanto a un cimitero
abbandonato e se
ne innamorò perdutamente. Volle
comprarla subito
e sentì essere arrivata a possedere un
mondo che aspettava
di essere abitato da lei.
Un anno dopo un
parente le inviò una
rivista calabrese
dove era fotografata
la vecchia
abitazione dei suoi antenati con
un cimitero
accanto abbandonato. Vide subito
che la casa
acquistata era identica a quella dove c’erano
le origini della
sua famiglia. I ruderi e le casupole
malandate che
avevo adesso davanti
agli occhi mi
hanno fatto
ricordare che mio fratello mi aveva portato alcune volte
in quella zona
per comprare il carbone che mio padre vendeva
nel vecchio
magazzino di Santarcangelo.
Ormai ho una
convinzione definitiva: ho bisogno
di strade non
asfaltate, terreni fatti di crosta secca dove
una nuvola
d’acqua fa crescere i fiori sotto i tuoi
occhi, che súbito
appassiscono. [...]
GUERRA, Tonino – Una foglia contro i fulmini.
Santarcangelo di Romagna: Maggioli Editore, 2006, p. 9 – 13.
A NECESSIDADE DE ME ISOLAR começou
quando percebi que os meus
pensamentos navegavam
num vazio empoeirado da mente.
Tinha de me despegar de tudo e tocar
com a mão e com os pensamentos a minha infância.
Reencontrar o gosto que tinha em rapaz quando deixava
cair a chuva na boca. Tinha necessidade de
ter uma folha na mão e seguir um
odor de ervas selvagens e os rangidos
das caleiras enferrujadas que arrastavam a água
ao longo dos muros dos quintais. Quando cheguei à
zona das plumas, território isolado dos Apeninos já
toscano, fiquei surpreso porque aconteceu-me o mesmo que
sucedeu a uma professora da Calábria. Há anos que a Senhora
queria
comprar uma casa nas colinas romagnolas mas nunca mais se
conseguia decidir
pela compra porque havia sempre alguma coisa
que a desiludia. Um dia, a poucos passos
da República de S. Marino,
descobriu uma casa antiga ao lado de um cemitério
abandonado pela qual se enamorou perdidamente. Quis
comprá-la de imediato e sentiu que acabava de possuir um
mundo que esperava ser habitado por ela.
Um ano depois um parente enviou-lhe uma
revista da Calábria onde estava fotografada
a velha casa dos seus antepassados com
um cemitério ao lado abandonado. Viu de imediato
que a casa comprada era idêntica àquela de onde vinham
as origens da sua família. As ruínas e os casebres
em mau estado que agora tinha diante
dos meus olhos
fizeram-me recordar que o meu irmão me tinha levado algumas
vezes
àquela região para comprar o carvão que o meu pai vendia
no velho armazém de Santarcangelo.
Agora tenho uma convicção definitiva: preciso
de estradas não asfaltadas, terrenos feitos de crosta seca
onde
uma nuvem de água faz crescer as flores sob os teus
olhos, que de imediato murcham. [...]
GUERRA, Tonino – Una foglia contro i fulmini.
Santarcangelo di Romagna: Maggioli Editore, 2006, p. 9 – 13. [Tradução de
Sandra Costa e revisão de Andrea Ragusa]
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