segunda-feira, 31 de julho de 2017

Exercício #3

Nada se alterara na ordem natural das coisas. Se desviasse o olhar, continuaria a medir o Verão pela altura do milho; no fundo de um dos seus bolsos encontraria, com toda a certeza, o peso de uma âncora no contorno das chaves de casa e fosse qual fosse o lugar em que voltasse a pousar o olhar, ainda que fosse no rumor que imaginara na mão dele, as articulações dos seus dedos já se teriam esquecido de como se sustém a respiração.

Alguém descreveria o processo como uma ilusão de óptica. Ela escreveria mais tarde que julgara criar um hiato na melancolia.

[Sandra Costa]

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