Nada
se alterara na ordem natural das coisas. Se desviasse o olhar, continuaria a
medir o Verão pela altura do milho; no fundo de um dos seus bolsos encontraria,
com toda a certeza, o peso de uma âncora no contorno das chaves de casa e fosse
qual fosse o lugar em que voltasse a pousar o olhar, ainda que fosse no rumor
que imaginara na mão dele, as articulações dos seus dedos já se teriam
esquecido de como se sustém a respiração.
Alguém
descreveria o processo como uma ilusão de óptica. Ela escreveria mais tarde que
julgara criar um hiato na melancolia.
[Sandra Costa]
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