Apreciava
museus que proporcionavam aos seus visitantes um banco em cada sala de
exposições para que estes se pudessem recompor da inquietude, do mundo lá fora
e da arte ali dentro. O Kunstmuseum de Berna parecia não ter e ela, cansada da
viagem, com os pés sempre cúmplices da dor, não conseguia demorar mais do que
breves instantes junto de cada quadro e isso estava a inundá-la de tristeza. A
imagem era banal mas o mais verdadeira possível.
Decidira
visitar o Museu naquele dia, ao fim da tarde, aproveitando o fecho semanal
mais tardio e uma certa frescura que imaginara poder vir do rio, ali tão perto.
Agosto não era o seu mês mas era o possível e concretizar planos como aquele
exigia que se mantivesse a vida, ou pelo menos as suas margens, à distância.
Tudo fora
meticulosamente pensado pelo que lhe era insuportável que pudessem ser os seus pés
a traí-la.[Sandra Costa]
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